1525 Início do movimento Ana batista
Os movimentos reformados luterano e suíço tiveram conexões com o
sistema político em seu início. Lutero era o protegido de Frederico, o Sábio, e
de vários príncipes alemães, que buscavam a liberdade política e, em
conseqüência, começaram a apoiar sua causa. A cidade de Zurique, diante da
oposição católica, colocou-se ao lado de Zuínglio.
Para um grupo de cristãos que estavam sob a orientação de Zuínglio, substituir Roma por Zurique não era aceitável. Eles
queriam que a igreja realizasse rapidamente as reformas que fariam com que a
igreja voltasse ao ideal do século I. Em vez de se concentrar na hierarquia da
igreja ou em sistemas políticos, esse grupo mais radical buscava uma igreja
autônoma, dirigida pelo Espírito Santo. A questão que causava a maior discussão
era a do batismo infantil. O grupo dissidente afirmava que a Bíblia apresentava
apenas o batismo de adultos e queria que isso se tornasse prática geral. Em 21 de janeiro de 1525, o conselho de
Zurique ordenou aos líderes que encerrassem a altercação. Os radicais, contudo,
viam essa atitude apenas como outro caso em que o poder político tentava
controlar sua vida espiritual. Em uma noite em que nevava muito, em uma vila
próxima, eles se encontraram e batizaram uns aos outros. Receberiam, mais
tarde, a alcunha de anabatistas ("rebatizadores"), que lhes foi dado
por seus detratores. Os anabatistas queriam fazer mais do que reformar a
igreja: pretendiam levá-la de volta ao modelo inicial, retratado nas
Escrituras. Em vez de uma instituição poderosa, queriam uma irmandade, uma
família de fé, criada por Deus, que trabalhava no coração das pessoas. Os
anabatistas propuseram a separação entre a igreja e o Estado, pois viam a
igreja como algo distinto da sociedade — até mesmo da sociedade denominada
"cristã". Eles não queriam, sob hipótese alguma, a presença de
poderes políticos que coagissem a consciência do crente em qualquer aspecto de
sua vida. Eles também não eram favoráveis à burocracia eclesiástica. Como foram
as primeiras pessoas a praticar a democracia na congregação, acreditavam que
Deus não apenas falava por intermédio dos bispos e dos concilios, mas também
por meio de cada uma das congregações. Em uma época em que os turcos muçulmanos
estavam às portas da Europa, os
anabatistas pregavam uma doutrina nada popular, o pacifismo. Por mais
estranho que possa parecer, esse conceito não evitou que alguns seguidores se
desviassem de seu destino. O nome anabatista se tornou sinônimo de
"ruptura". Os novos pregadores protestantes eram interrompidos pelos anabatistas durante a pregação, e
alguns dos radicais provocavam tumultos. Além disso, algumas ocorrências da
prática de poligamia, assim como a procla-mação de revelações bizarras como
proclamações de Deus, fizeram com que tanto católicos quanto protestantes
acreditassem que precisavam livrar o mundo desse grupo desatinado. Assim,
iniciou-se uma grande perseguição e muitos anabatistas foram mortos — queimados
em fogueiras ou afogados. Ainda assim o movimento se espalhou, especialmente
entre as classes mais baixas. A evangelização trouxe novos crentes, e alguns
protestantes foram atraídos pela ênfase anabatista nas questões da pureza e da
pregação bíblica. Nenhum homem conseguiu reunir essa coleção tão diversa de
igrejas, mas é possível que o nome mais conhecido entre os líderes anabatistas
seja o de Menno Simons (1496-1559),
que deu origem à designação "menonita". Os anabatistas deram ao mundo
a idéia de que a separação entre igreja e Estado é necessária. Entre seus
descendentes, os menonitas e as Igrejas dos Irmãos, o pacifismo ainda permanece
como doutrina importante.
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