sexta-feira, 18 de março de 2016

A FILOSOFIA DA RELIGIÃO-2

A FILOSOFIA DA RELIGIÃO

A filosofia da religião, nada mais é do que um dos segmentos de estudos da filosofia. Seu principal objetivo é estudar a dimensão espiritual do homem a partir de uma perspectiva filosófica com indagações e pesquisas sobre a essência do fenômeno. Algumas das perguntas em que se baseiam os estudos da filosofia da religião são:
·         O que é a religião?
·         Deus existe?
·         Há vida após a morte?
Os métodos usados para esse estudo são o antropológico, filológico e histórico-crítico comparativo:

·         Antropológico: reconstrução do passado religioso com base na etnologia, ou seja, no estudo dos povos primitivos e atuais.
·         Filológicocomparação das línguas para encontrar palavras que são usadas para descrição e expressão do sagrado, além das raízes comuns.
·         Histórico-crítico comparativo: comparação entre várias religiões no tempo e no espaço, buscando encontrar elementos em comum e díspares para descobrir o que constitui a essência do fenômeno religioso.
A história da filosofia da religião
Filosofia da religião
Foto: Reprodução
No início, a filosofia visava encontrar esclarecimentos a alguns aspectos do paganismo, do judaísmo e do cristianismo.  A teologia negativa gira em torno da afirmação de que Deus só pode ser conhecido quando negamos que os termos ruins possam ser aplicados à ele. É impossível chegar a uma descrição do Ser Supremo, mas mesmo que se chegue a essa descrição, continua-se a ter o problema relacionado à razão pela qual se corresponde algo a essa descrição.
Durante a época medieval, foram desenvolvidas muitas tentativas de demonstração da existência de Deus. Entre elas estão as cinco vias de São Tomás de Aquino e o argumento ontológicode Santo Anselmo. A maioria delas, no entanto, com a evolução da mentalidade humana, perderam sua validade a partir do século XVIII, apesar de ainda hoje convencerem algumas pessoas e filósofos. Dessa forma, filósofos religiosos passaram a adotar formas de prevenção contra a cultura religiosa popular, como o estudo das religiões com uma visão social e antropológica, forma que é seguida por filósofos até os dias de hoje.
A divindade
Todas as religiões do ocidente contêm, de acordo com a filosofia da religião, um ponto em comum: a fé em Deus. Dessa forma, a divindade é um ser sem corpo e que possui vida eterna, visto como o criador de todas as coisas. Além disso, de acordo com as religiões, Deus é generoso, perfeito, onipotente, onisciente e onipresente.


FILOSOFIA DA RELIGIÃO-1

                   Filosofia da religião

“Filosofia da religião” é a parte da filosofia que se ocupa de examinar racionalmente as explicações religiosas.

Publicado por: Wigvan Junior Pereira dos Santos em Filosofia

A questão sobre a possibilidade de conciliar fé e razão deu origem à Filosofia da Religião
Podemos entender a religião, de uma forma ampla, como um sistema de crenças e as práticas a elas referentes. Em quase todas as culturas há pelo menos uma expressão que possamos chamar de religiosa. Essas expressões diferem entre si, quanto à origem e conceitos principais, mas costumam partir da tentativa do homem de encontrar respostas a problemas para os quais a razão humana não seria suficiente. Uma pergunta bastante inquietante e que ainda não podemos responder precisamente por meio da ciência é a respeito da vida após a morte.
As religiões espiritualistas, ou seja, que acreditam na existência de um corpo mortal e de uma alma imortal, podem enfrentar esse problema criando teorias baseadas em algum livro que se considera escrito a partir de uma revelação de Deus, como o Alcorão para os muçulmanos, o Bhagavad Gita para os hindus e a Bíblia para os cristãos, por exemplo, ou por meio da transmissão oral de revelações individuais feitas a alguém que se considera capaz de se comunicar com o plano sagrado, como são os profetas, médiuns e babalorixás.
Ou seja, na esfera da religião, não se necessita de uma demonstração racional para aquilo que se professa como verdade, mas a fé não é necessariamente oposta à razão. O termo “filosofia da religião”, que aparece a partir do século XIX, é a parte da filosofia que se ocupa de examinar racionalmente as explicações religiosas. A existência ou não de Deus foi uma questão que movimentou o pensamento de muitos filósofos desde a Antiguidade, como Tomás de Aquino, Agostinho de Hipona e Nicolau de Cusa.
Contexto histórico:
O cenário histórico que serve de pano de fundo para a discussão desses pensadores é o desenvolvimento e ascensão do Cristianismo e grande influência da Igreja Católica como instituição social. Se o Império Romano se esfacelava, a Igreja acumulou grande riqueza material. Se o Império Romano sofria ataques de povos bárbaros, a Igreja desempenhava o papel de conciliadora entre a nobreza feudal.
A fé cristã, segundo a doutrina da Igreja Católica, era a verdade mais elevada. Qualquer ato que discordasse do postulado pela Igreja era considerado uma heresia. Todas as investigações filosóficas e científicas tinham que partir do pressuposto de que a verdade já havia sido revelada pelo próprio Deus. A única tarefa possível à ciência e à filosofia era a comprovação racional da fé. Muitos pensadores cristãos investiram nesse trabalho e tentaram, a partir da filosofia grega ou contra ela, convencer os descrentes.
Entre esses pensadores, podemos incluir os “padres apologistas”, ou seja, aqueles padres que mostravam a superioridade da fé cristã em relação ao paganismo ou politeísmo. Esses padres, comoOrígenes, Justino e Tertuliano, rejeitavam o recurso às filosofias gregas. Importante lembrar que, nessa época, as obras de Platão e Aristóteles estavam desaparecidas e o conhecimento que se tinha delas passava pelo prisma dos filósofos estoicos e neoplatônicos e, por isso, apresentavam elementos místicos ou comportamentos que a Igreja considerava “imorais”.
Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino
No entanto, as obras de maior destaque são as de Santo Agostinho, que pertencia à Patrística, e as de Santo Tomás de Aquino, que pertencia à Escolástica. A Patrística é o nome que se dá ao conjunto das produções intelectuais a respeito da revelação cristã, a maior parte delas de autoria de padres que perceberam a necessidade de argumentação racional para consolidar os preceitos cristãos entre as autoridades e o povo. Santo Agostinho, seu principal expoente, estabelece que a principal diferença entre a fé e a razão é que, pela fé, conseguimos compreender coisas inalcançáveis por meio da razão. Mas isso não torna fé e razão contraditórias: para o filósofo, a fé revela verdades de forma intuitiva, verdades que são confirmadas pelo exercício racional. A alma humana só poderia conhecer a verdade das coisas se iluminada por Deus.
A Escolástica é o nome que se dá à reunião das obras filosófico-teológicas escritas a partir do século IX por consequência do projeto de organização do ensino promovido por Carlos Magno no século VIII, projeto esse conhecido como “renascença carolíngia”. Nas escolas fundadas por Carlos Magno eram ensinadas as seguintes matérias, submetidas à teologia: gramática, retórica e dialética (a reunião das três era conhecida como trivium); e geometria, aritmética, astronomia e música (reunião conhecida como quatrivium). A cultura Greco-romana passou a ser divulgada e isso permitiu que o pensamento aristotélico pudesse ser considerado nas investigações filosóficas da época.
O período escolástico pode ser dividido em 3 períodos ou fases:
Primeira fase: do século IX ao século XII – caracterizada pela harmonia entre fé e razão;
Segunda fase: do século XII ao século XIV – considera-se que harmonia entre fé e razão pode ser parcialmente obtida.
Terceira fase: do século XIV ao século XVI – caracterizada pela percepção das diferenças fundamentais entre fé e razão.
A obra de Santo Tomás de Aquino pertence à segunda fase e pretendia retomar os pensamentos de Aristóteles para explicar os pontos principais da fé cristã. Ao fazer isso, no entanto, criou um sistema próprio, dentro do qual conseguiu elaborar cinco provas racionais da existência de Deus. Por esse motivo foi proclamado Doutor Angélico e o Doutor por Excelência pela Igreja Católica. Sua extensa obra foi considerada, inclusive, um argumento a favor de sua canonização. A importância dos argumentos de Tomás de Aquino, apesar de serem refutados, para a questão da conciliação entre fé e razão é que eles negam 1) a possibilidade de se conhecer a Deus sem passar pelo mundo sensível, ou seja, por meio de uma experiência direta; e 2) que só se pode conhecer a Deus pela fé. A busca científica encontra legitimidade também na filosofia tomista, pois, se o Criador deixa suas marcas em tudo o que cria, o interesse pela investigação corresponde à necessidade intrínseca ao homem de conhecê-lo.
Nietzsche:
Para o filósofo alemão Friedrich Nietzsche, o cristianismo reforçou uma moral dotada de submissão, pecado e culpa. A própria moral, dirá o filósofo, é um instrumento para o enfraquecimento dos fortes. Por esse motivo, a tradição ocidental, resultado desse processo de enfraquecimento, é tão distinta do Estado Grego que reunia, pelo espírito guerreiro de seu povo e de uma religião que não o tentava domesticar, as condições para o aparecimento da tragédia, maior expressão artística dos helenos.

Sobre a religião grega, Nietzsche sublinha no parágrafo 114 de “Humano, Demasiado Humano” que os helenos não se referiam aos deuses como se fossem acima de si, ou seja, não tinham uma relação de submissão em relação a eles. Os deuses serviam como um exemplo do melhor que os humanos poderiam alcançar, um ideal, diferente do cristianismo que, em suas palavras “esmagou e alquebrou completamente o homem, e o mergulhou como que em um profundo lamaçal”. Um aspecto relevante da religião grega era a inexistência de um livro sagrado. As crenças eram difundidas com uma visão não dogmática e sem uma autoridade que teria o direito de proteger os dogmas.

FILOSOFIA DA RELIGIÃO

Filosofia da Religião é um ramo filosófico que investiga a esfera espiritual inerente ao homem, do ponto de vista da metafísica, da antropologia e da ética. Ela levanta questionamentos fundamentais, tais como: o que é a religião? Deus existe? Há vida depois da morte? Como se explica o mal? Estas e outras perguntas, idéias e postulados religiosos são estudados por esta disciplina.
Há uma infinidade de religiões, compostas de distintas modalidades de adoração, mitologias e experiências espirituais, mas geralmente os estudiosos se concentram na pesquisa das principais vertentes espirituais, como o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo, pois elas oferecem um sistema lógico e elaborado sobre o comportamento do planeta e de todo o Universo, enquanto as orientais normalmente se centram em uma determinada filosofia de vida. Os filósofos têm como objetivo descobrir se o olhar espiritual sobre o Cosmos é realmente verdadeiro.
Em suas pesquisas o filósofo da religião adota como instrumentos teóricos a metodologia histórico-crítica comparativa, que contrapõe as mais diversas religiões, espacial e temporalmente, para perceber suas semelhanças e o que as distingue, logrando assim visualizar o núcleo central dos eventos religiosos; a filológica, que realiza a investigação dos vários idiomas, comparando-os e buscando expressões usadas para se referir ao sagrado, estabelecendo assim o que elas têm em comum; e a antropológica, que resgata o passado espiritual dos povos ancestrais e dos contemporâneos, seus institutos, suas convicções, seus ritos e seus valores. Cabe à Filosofia da Religião realizar uma correta associação destes distintos métodos, para assim perceber claramente o que é essencial nas religiões.



Em todas as religiões vigentes no Ocidente há algo em comum, a fé em Deus. A Divindade é vista como um Ser sem corpo e eterno, criador de tudo que há, extremamente generoso e perfeito, todo-poderoso, ou seja, onipotente, conhecedor de tudo, portanto onisciente, presente em toda parte, melhor dizendo, onipresente. Esta é a imagem teísta de Deus, aquela que proclama sua existência. São Tomás de Aquino defende pelo menos cinco argumentos a favor da presença de Deus no Universo, entre eles o ontológico, o cosmológico e o do desígnio. Estas idéias foram renovadas pelos pensadores modernos Alvin Plantinga e Richard Swinburne, que tornaram estes conceitos mais complexos. A compreensão de Deus pode ser racional, portanto do âmbito da Teologia Natural, ou percebida do ponto de vista da fé, constituindo a Teologia Revelada.
Anteriormente ao século XX, a trajetória filosófica ocidental procurava explicar alguns ângulos das tradições pagãs, do judaísmo e do Cristianismo, ao passo que no Oriente, em práticas espirituais como o hinduísmo, o budismo e o taoísmo, não é fácil perceber até que ponto uma pesquisa é de natureza religiosa ou filosófica. Não é fácil para esta disciplina delimitar um objeto de estudo adequado, do ponto de vista religioso. Segundo estes filósofos, mesmo que se alcance uma caracterização correta de Deus, ainda resta encontrar uma razão para se pretender sua existência.
Embora na Idade Média tenham surgido muitas teorias que se pretendem capazes de provar que Deus existe, a partir do século XVIII houve uma guinada na mentalidade humana, e muitos dos argumentos defendidos na era medieval perderam sua validade. Assim, muitos filósofos religiosos têm suas próprias prevenções contra a cultura religiosa popular, como Kant e Feuerbach, o qual estimulou o estudo das religiões do ângulo social e antropológico destas convicções espirituais, caminho seguido até hoje por grande parte dos filósofos desta disciplina.
Arquivado em: FilosofiaReligião

História Da Filosofia

História Da Filosofia


HISTÓRIA DA FILOSOFIA         -      Filosofia na Grécia Antiga
Introdução
A palavra filosofia é de origem grega e significa amor à sabedoria. Ela surge desde o momento em que o homem começou a refletir sobre o funcionamento da vida e do universo, buscando uma solução para as grandes questões da existência humana. Os pensadores, inseridos num contexto histórico de sua época, buscaram diversos temas para reflexão. A Grécia Antiga é conhecida como o berço dos pensadores, sendo que os sophos (sábios em grego) buscaram formular, no século VI a.C., explicações racionais para tudo aquilo que era explicado, até então, através da mitologia.

Os Pré-Socráticos
Podemos afirmar que foi a primeira corrente de pensamento, surgida na Grécia Antiga por volta do século VI a.C. Os filósofos que viveram antes de Sócrates se preocupavam muito com o Universo e com os fenômenos da natureza. Buscavam explicar tudo através da razão e do conhecimento científico. Podemos citar, neste contexto, os físicos Tales de Mileto, Anaximandro e Heráclito. Pitágoras desenvolve seu pensamento defendendo a ideia de que tudo preexiste a alma, já que esta é imortal. Demócrito e Leucipo defendem a formação de todas as coisas, a partir da existência dos átomos.

Período Clássico
Os séculos V e IV a.C. na Grécia Antiga foram de grande desenvolvimento cultural e científico. O esplendor de cidades como Atenas, e seu sistema político democrático, proporcionou o terreno propício para o desenvolvimento do pensamento. É a época dos sofistas e do grande pensador Sócrates.

Os sofistas, entre eles Górgias, Leontinos e Abdera, defendiam uma educação, cujo objetivo máximo seria a formação de um cidadão pleno, preparado para atuar politicamente para o crescimento da cidade. Dentro desta proposta pedagógica, os jovens deveriam ser preparados para falar bem ( retórica ), pensar e manifestar suas qualidades artísticas.

Sócrates começa a pensar e refletir sobre o homem, buscando entender o funcionamento do Universo dentro de uma concepção científica. Para ele, a verdade está ligada ao bem moral do ser humano. Ele não deixou textos ou outros documentos, desta forma, só podemos conhecer as ideias de Sócrates através dos relatos deixados por Platão.

Platão foi discípulo de Sócrates e defendia que as ideias formavam o foco do conhecimento intelectual. Os pensadores teriam a função de entender o mundo da realidade, separando-o das aparências.

Outro grande sábio desta época foi Aristóteles que desenvolveu os estudos de Platão e Sócrates. Foi Aristóteles quem desenvolveu a lógica dedutiva clássica, como forma de chegar ao conhecimento científico. A sistematização e os métodos devem ser desenvolvidos para se chegar ao conhecimento pretendido, partindo sempre dos conceitos gerais para os específicos.

Período Pós-Socrático
Está época vai do final do período clássico (320 a.C.) até o começo da Era Cristã, dentro de um contexto histórico que representa o final da hegemonia política e militar da Grécia.

Ceticismo: de acordo com os pensadores céticos, a dúvida deve estar sempre presente, pois o ser humano não consegue conhecer nada de forma exata e segura.
Epicurismo: os epicuristas, seguidores do pensador Epicuro, defendiam que o bem era originário da prática da virtude. O corpo e a alma não deveriam sofrer para, desta forma, chegar-se ao prazer.
Estoicismo: os sábios estóicos como, por exemplo Marco Aurélio e Sêneca, defendiam a razão a qualquer preço. Os fenômenos exteriores a vida deviam ser deixados de lado, como a emoção, o prazer e o sofrimento.

Pensamento Medieval
O pensamento na Idade Média foi muito influenciado pela Igreja Católica Desta forma, o teocentrismo acabou por definir as formas de sentir, ver e também pensar durante o período medieval. De acordo com Santo Agostinho, importante teólogo romano, o conhecimento e as ideias eram de origem divina. As verdades sobre o mundo e sobre todas as coisas deviam ser buscadas nas palavras de Deus.

Porém, a partir do século V até o século XIII, uma nova linha de pensamento ganha importância na Europa. Surge a escolástica, conjunto de ideias que visava unir a fé com o pensamento racional de Platão e Aristóteles. O principal representante desta linha de pensamento foi São Tomás de Aquino.

Pensamento Filosófico Moderno
Com o Renascimento Cultural e Científico, o surgimento da burguesia e o fim da Idade Média, as formas de pensar sobre o mundo e o Universo ganham novos rumos. A definição de conhecimento deixa de ser religiosa para entrar num âmbito racional e científico. O teocentrismo é deixado de lado e entre em cena o antropocentrismo ( homem no centro do Universo ). Neste contexto, René Descartes cria o cartesianismo, privilegiando a razão e considerando-a  base de todo conhecimento.

A burguesia, camada social em crescimento econômico e político, tem seus ideais representados no empirismo e no idealismo.

No século XVII, o pesquisador e sábio inglês Francis Bacon cria um método experimental, conhecido como empirismo. Neste mesmo sentido, desenvolvem seus pensamentos Thomas Hobbes e John Locke.

Conhecido como o percursor do pensamento filosófico moderno, o filósofo e matemático francês René Descartes dá uma grande contribuição para a Filosofia no século XVII ao desenvolver o Método Cartesiano. De acordo com este método, só existe aquilo que pode ter sua existência comprovada.

O iluminismo surge em pleno século das Luzes, o século XVIII. A experiência, a razão e o método científico passam a ser as únicas formas de obtenção do conhecimento. Este, a única forma de tirar o homem das trevas da ignorância. Podemos citar, nesta época, os pensadores Immanuel Kant, Friedrich Hegel, Montesquieu, Diderot, D'Alembert e Rosseau.

O século XIX é marcado pelo positivismo de Auguste Comte. O ideal de uma sociedade baseada na ordem e progresso influencia nas formas de refletir sobre as coisas. O fato histórico deve falar por si próprio e o método científico, controlado e medido, deve ser a única forma de se chegar ao conhecimento.

Neste mesmo século, Karl Marx utiliza o método dialético para desenvolver sua teoria marxista. Através do materialismo histórico, Marx propõe entender o funcionamento da sociedade para poder modificá-la. Através de uma revolução proletária, a burguesia seria retirada do controle dos bens de produção que seriam controlados pelos trabalhadores.

Ainda neste contexto, Friedrich Nietzsche, faz duras críticas aos valores tradicionais da sociedade, representados pelo cristianismo e pela cultura ocidental. O pensamento, para libertar, deve ser livre de qualquer forma de controle moral ou cultural.

Época Contemporânea
Durante o século XX várias correntes de pensamentos agiram ao mesmo tempo. As releituras do marxismo e novas propostas surgem a partir de Antonio Gramsci, Henri Lefebvre, Michel Foucault, Louis Althusser e Gyorgy Lukács. A antropologia ganha importância e influencia o pensamento do período, graças aos estudos de Claude Lévi-Strauss. A fenomenologia, descrição das coisas percebidas pela consciência humana, tem seu maior representante em Edmund Husserl. A existência humana ganha importância nas reflexões de Jean-Paul Sartre, o criador do existencialismo.
Você sabia?
- É comemorado em 15 de novembro o Dia Mundial da Filosofia.

FONTE: SuaPesquisa.com

Breve História Da Filosofia

Breve História da Filosofia


A filosofia não nasceu na Grécia. A terra natal de Tales, considerado oprimeiro filósofo da história, é Mileto, cidade do sul da Jônia, região que hoje pertence à Turquia. Ou seja, é correto dizer que a filosofia nasceu no mundo grego, mas o mundo grego dos séculos 7 e 5 a.C. não tem nada a ver com aGrécia de hoje. Abrangia a costa do Mar Egeu, de Mármara e boa parte do Mar Negro, além do sul da Itália e das regiões costeiras da França, Espanha e África. Demorou quase cem anos para a filosofia chegar à capital Atenas, onde viveu Sócrates, uma espécie de Jesus Cristo da filosofia.

Motivo: assim como o calendário está dividido em antes e depois do surgimento do messias cristão, a filosofia também tem duas eras: pré e pós-Sócrates. Na era pré-socrática, a principal preocupação era saber de que era feito o mundo e o ser humano. A pergunta "de que são feitas as coisas?" pode soar ingênua e até infantil. Mas o filósofo Timothy Williamson, de Oxford, considera uma das melhores perguntas já proferidas - uma questão que nos conduziu a boa parte da ciência moderna. Pela primeira vez na história, os pensadores colocaram o raciocínio na frente da mitologia. Eles não engoliam a ideia de que o mundo surgira do nada. "Nada vem do nada e nada volta ao nada" era uma premissa básica para os pré-socráticos, o que significava dizer que o mundo é uma eterna reciclagem, tudo se transforma sem jamais desaparecer. Eles tinham até uma palavra para esse mundo perene: physis, do verbo grego "fazer surgir". Physis era a origem de todos os seres e coisas mortais do mundo, que estão em permanente transformação. O café quente esfria, o inverno vira primavera, o longe fica perto se formos até ele, a criança cresce e vira um adulto. A natureza está em constante transformação, mas isso não quer dizer que ela é caótica. As mudanças seguem uma lógica determinada pela physis.

Mas afinal o que era a physis? Cada pensador achava que era uma coisa. Tales afirmava que o princípio era a água ou o úmido. Anaximandro, oinfinito. Anaxímenes, o ar. Pode parecer simplório, mas era a primeira vez que se buscava uma resposta racional para a origem do mundo.



Conheça os pensadores da Era Pré-Socrática

Tales de Mileto

Anaximandro

Anaxímenes

Parmênides

Heráclito

Pitágoras

Protágoras

Górgias

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Entre os séculos 6 e 5 a.C., o mundo grego sofreu uma reviravolta socioeconômica decisiva para o surgimento de pensadores da estatura de Sócrates, Platão e Aristóteles. A cultura agrária e aristócrática da Grécia, que na época reunia cidades-Estados e não formava um país como hoje, deu lugar à vida urbana e democrática. Uma nascente indústria artesanal e o comércio levaram hordas de gregos do campo para as cidades. A nova classe trabalhadora passou a questionar o poder político da monarquia e, por volta de 507 a.C, o reformador Clístenes introduziu um princípio crucial que alterou a ordem social na região: a igualdade dos homens perante a lei e o direito de todos participarem das decisões políticas da comunidade. A Grécia virou uma democracia direta. Nascia a figura do cidadão. Boa parte dos habitantes podia dar pitaco nas reformas da cidade e expressar opiniões em público (exceto mulheres e escravos, mas paciência...).

Mas era preciso saber falar para ser ouvido. O ideal de educação no novo mundo grego valorizava a formação do cidadão e não mais exaltava as virtudes aristocráticas, típicas dos poemas de Homero e Hesíodo, para quem o homem ideal era o herói de guerra atlético e corajoso. Os novos professores da classe cidadã eram os sofistas, pensadores que se apresentavam como mestres da oratória e da retórica e contestavam tudo e todos. Para os sofistas, o bom cidadão era persuasivo. Quem dominava a oratória ganhava qualquer discussão em uma assembleia na pólis. Certo? Sim, mas não para Sócrates, o pai da filosofia ocidental.

Sócrates construiu grande parte de seu pensamento em oposição ao sofistas, aos quais acusava de não ter respeito pela verdade. Como podiam defender uma ideia ou outra apenas para obter vantagem? Cadê a vergonha na cara? Para o mestre de Platão, o importante era buscar a essência das coisas e do mundo, o conceito de valores como justiça, amizade, amor, beleza e prudência. A verdade vem da reflexão racional sobre o que nos rodeia e não da percepção ou da opinião. O pai da filosofia distribuía perguntas pelas ruas da capital Atenas que desconcertavam os cidadãos gregos - O que é a beleza? Você diz que justiça é importante, mas o que é a justiça? Por que você pensa o que pensa? - e deu forma e método para a filosofia como a conhecemos hoje. Foi o primeiro filósofo "profissional". Durante o período de ouro na Grécia, a filosofia se debruçou sobre quatro conceitos-chave: o bom, o belo, o bem e o justo. Mas não havia limites para o pensamento do trio filosófico mais influente da Antiguidade. Sócrates, Platão e Aristóteles estavam envolvidos com grandes questões: o sentido da vida, justiça social, administração das cidades, a busca da felicidade, como ser um bom cidadão. Mas iam além. A voracidade intelectual de Aristóteles era algo sem precedentes. O filósofo de Estagira (cidade do nordeste da Grécia) se interessou por todos os assuntos, da física à biologia passando pela ética, a política e a metafísica. A filosofia clássica foi a mãe das ciências - ideia que vai persistir até o final do século 18.

Conheça os pensadores da Era Clássica

Sócrates

Epicuro

Platão

Aristóteles

Sêneca
          
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Quando criança, Alexandre, o Grande, o maior conquistador do mundo antigo, teve Aristóteles como tutor. Dos 13 aos 16 anos, o futuro rei da Macedônia recebeu aulas de lógica, medicina, moral e arte, entre outros temas, do mestre da filosofia.

Em 323 a.C., Alexandre morreu aos 32 anos, e sua despedida marcou o fim do domínio cultural, político e filosófico da Grécia no mundo antigo. Sem o líder unificador, as cidades-Estado gregas, que antes cooperavam, voltaram a ser inimigas. A morte do general, que levou o domínio grego e os ensinamentos do tutor até onde se situa o Paquistão, enterrou também o legado de Platão e Aristóteles. Nos dois séculos seguintes, o Império Romano ascendeu, e os romanos não tinham tanto apreço pela filosofia grega. O que de fato cultivaram dos helênicos foi o estoicismo, que pregava uma conduta virtuosa e obediente às leis.

A influência da cultura romana no mundo foi forte o suficiente para deixar os pensadores gregos no esquecimento por alguns séculos. Em 313 d.C., o cristianismo ganhou força com o Edito de Milão, que decretou a liberdade religiosa em Roma. Dois séculos depois, com a queda do Império Romano, começou a era de total domínio da Igreja na Europa Ocidental, período que durou quase mil anos. A abordagem grega de filosofia como uma reflexão exclusivamente racional, independente dos credos, sumiu. Durante toda a Idade Média, os pensadores se concentram em temas religiosos, uma cruzada inaugurada por Santo Agostinho, o primeiro a fundir a doutrina cristã com abordagens da Grécia clássica. Esse esforço de unir a religião ao pensamento crítico foi a principal tarefa da escolástica, corrente que nasceu nos monastérios e buscava uma justificação racional para a crença em Deus. A Igreja controlava o processo de conhecimento na época e criou as primeiras universidades.

Mas isso tudo ocorria no Ocidente. Na mesma época, no Oriente, especialmente nas regiões que haviam pertencido ao mais célebre aluno de Aristóteles, Alexandre, a cultura grega clássica, não por acaso, continuava viva. Pensadores árabes e persas como Al-Farabi, Averróis e Avicena incorporam as ideias de Platão e Aristóteles, esquecidos na Europa medieval, à cultura islâmica do século 7 em diante. O mais curioso é que foi preciso a expansão muçulmana na Ásia, África e Espanha para levar os esquecidos filósofos gregos de volta ao Ocidente.

Por meio de fontes islâmicas, pensadores cristãos começaram a dar mais atenção às obras aristotélicas e platônicas e acharam pontos de compatibilidade entre o cristianismo e a filosofia clássica, que alcança seu ápice com Santo Anselmo, considerado o pai da escolástica, aquele que melhor encontrou um equilíbrio entre fé e razão.

Conheça os pensadores da Era Medieval

Santo Agostinho

Al-Farabi

Avicena

Averróis

Santo Anselmo

Pedro Abelardo

São Tomás de Aquino

Duns Scotus

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O Renascimento não é precisamente um período histórico, mas a síntese de um espírito novo que surgiu na Itália. Na filosofia, o movimento foi inaugurado por Dante, com a sua Divina Comédia, no início do século 14, mas foi a partir dos séculos 15 e 16 que os pensadores ampliaram a faxina para varrer a poeira medieval. Os renascentistas eram bons marqueteiros: usavam os termos "renovar", "restituir a uma nova vida", "fazer reviver" para marcar uma oposição clara à cultura da Idade Média, que julgavam um período de barbárie e escuridão. A história fez questão de acabar com essa propaganda enganosa - a Idade Média não foi só horror. O nome Renascimento, enfim, colou, mas o período marcou, na verdade, o parto de uma outra cultura, que colocou o homem e suas inquietações - e não mais o Deus dos medievais - de volta ao centro do mundo. Não por acaso, a fase também é chamada de humanismo. Nascia uma filosofia inteiramente secular, separada da Igreja.

Os renascentistas beberam na mesma fonte dos medievais, na filosofia grega. Platão e Aristóteles - sempre eles - foram a inspiração dos ideais antropocentristas. Platão foi amplamente recuperado na Itália renascentista que dominou o mundo cultural da época - a imprensa de Gutenberg se encarregou de espalhar as ideias renascentistas para o resto da Europa. Os humanistas colocaram em prática o uso da razão e da evidência empírica na investigação do mundo. Mas a coisa não era tão pé-no-chão assim. Uma das correntes do pensamento da época, o neoplatonismo, explorava a ideia de que o homem era parte da natureza e podia agir sobre ela por meio da magia e da astrologia. Outra corrente, mais realista, iniciou a defesa dos ideais republicanos contra o poderoso Império Germânico e contra os papas. O florentino Nicolau Maquiavel é seu primeiro representante. A liberdade política da antiga Grécia era exaltada como exemplo de participação social. A indignação contra o status quo levou a mudanças profundas e marcou a Reforma Protestante, que teve como resposta a Contra-Reforma e a Inquisição.

Os pensadores renascentistas escreviam bem à beça. As obras mais famosas da época são hoje mais conhecidas como peças literárias do que como tratados filosóficos. O Elogio à Loucura, de Erasmo de Roterdã, por exemplo, é considerado uma das sátiras mais brilhantes da literatura mundial. Montaigne, autor de Ensaios, é tido como o inventor do gênero. Apesar do entusiasmo marcado pelas grandes aventuras marítimas da época e pelo pulsante comércio que entupia a Europa de novidades vindas do Oriente e da América, sem esquecer da efervescência das artes, com Da Vinci, Botticelli e Michelângelo botando para quebrar, as obras mais famosas do campo filosófico são céticas e pessimistas. Para Maquiavel e Montaigne, por exemplo, não havia muita saída para a corrupção na política - uma interpretação tremendamente atual, diga-se.

Conheça os pensadores do Renascimento

Dante Alighieri

Thomas More

Erasmo de Roterdã

Maquiavel

Montaigne

Giordano Bruno

Campanella

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Épocas filosofia Superinteressante
Depois do Renascimento ter abalado o monopólio da Igreja sobre o pensamento, cultura e política europeia, o século 17 marca a vitória definitiva da razão e da ciência sobre a religião - um movimento batizado de Iluminismo. A Europa, que antes era um continente unificado pelo poder eclesiástico, divide-se em nações poderosas. Grã-Bretanha, França, Espanha, Portugal e Holanda consolidam seu poderio econômico com colônias ao redor do mundo e, em cada país, surge uma próspera classe média urbana.

Aos filósofos modernos coube a iniciativa de integrar o raciocínio filosófico com o científico, em alta depois que as grandes navegações - e os grandes lucros provenientes do comércio com as Índias - comprovaram noções negadas pelo poder eclesiástico, como o fato de a Terra ser redonda. Os britânicos Thomas Hobbes e Francis Bacon foram pioneiros nessa fase, que inaugura o período conhecido como a Idade da Razão. Não por acaso, vários desses filósofos são matemáticos de formação, como René Descartes, tido como o fundador do pensamento moderno. Para ele, o raciocínio matemático é o melhor modelo para conhecer o mundo. A pergunta "o que posso conhecer?" marcou a crença de que a sabedoria vem da razão, pensamento que dominaria o continente europeu no século seguinte. Na Grã-Bretanha, porém, uma tradição filosófica bem diferente ganhou corpo. Inspirado em Francis Bacon, John Locke chegou à conclusão de que não é a razão, mas a experiência, a fonte de conhecimento sobre o mundo.

Apesar da divisão entre o racionalismo continental e o empirismo britânico, havia algo em comum: a importância do ser humano, um ser dotado de razão e capaz de experimentar o mundo. Questões como a natureza do Universo, que até então dominavam o pensamento, saíram da filosofia e entraram para a ciência, a cargo de figuras como Isaac Newton. À filosofia, restaram perguntas de ordem epistemológica, existencial e política: "como podemos conhecer o que conhecemos?", "qual é a essência do eu?" e "o que ocorrerá no mundo se a monarquia cair?". Dúvidas que lançaram bases para um sério questionamento sobre o status quo e para a consolidação do ideal democrático nascente. A grande mudança intelectual dos modernos foi considerar as coisas externas (a natureza, a política, etc) como representações ou conceitos. Isto é, tudo o que pode ser conhecido deve ser transformado pelo homem em um conceito distinto e demonstrável, permitindo ao homem interpretá-lo a seu bel prazer. Na convicção moderna, a razão governa emoções, vontades e define o melhor sistema político. Mas toda essa certeza chega ao fim com Immanuel Kant, que dá uma guinada no pensamento filosófico. Com a Crítica da Razão Pura, Kant coloca um freio no afã racionalista ao demonstrar como e por que nossa racionalidade não é absoluta (ou não pode responder a tudo).

Conheça os pensadores modernos

Descartes

Espinosa

Thomas Hobbes

John Locke

Francis Bacon

Montesquieu

Leibniz

Berkeley

David Hume

Thomas Reid

Voltaire

Jean-Jacques Rousseau

Immanuel Kant

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Kant pôs fim na pretensão filosófica de tentar conhecer as coisas tais como elas são, a realidade em si. Depois dele, como vimos na página 47, a filosofia passou a ser basicamente uma grande teoria do conhecimento: o que é possível conhecer verdadeiramente tendo em vista os limites da nossa razão?

Aos poucos, a corte da "rainha das ciências" começou a se desgarrar e criar seus próprios reinos. As ciências humanas, como a psicologia, a sociologia, a antropologia, história e a geografia, foram ganhando independência e passaram a ser encaradas como campos de conhecimentos específicos, com métodos e resultados próprios. O segundo a minar o poderio filosófico foi Auguste Comte e seu positivismo. O pensador francês achava que a filosofia deveria ser apenas uma reflexão sobre os resultados e o significado dos avanços científicos. Com isso, a filosofia se resignou a estudar o conhecimento adquirido por vias mais sólidas do que o pensamento puro e a ética, que nunca deixou de ser um tema essencialmente dela.

também aproximou alguns pensadores da realidade. A crítica de Karl Marx O século 19 ao modo de produção que, segundo ele, sistematicamente explora os trabalhadores e enriquece os ricos, teve reflexos no mundo real assim que seu Manifesto do Partido Comunista ganhou as ruas. Marx, no entanto, foi uma exceção. O interesse pelas estruturas do conhecimento e pela consciência e seus modos de expressão direcionou a filosofia para recantos herméticos, como os estudos da linguagem - corrente conhecida como filosofia analítica, iniciada pelo austríaco Ludwig Wittgenstein. O movimento ficou conhecido como a "virada linguística". Outra vertente, conhecida como fenomenologia, se debruçou sobre os fenômenos que se manifestam para a consciência, a partir da ideia kantiana de que a razão é uma estrutura da consciência. Seu criador, Edmund Husserl, considera a realidade como um conjunto de significações ou sentidos produzidos pela nossa razão.

Foi preciso chegar o século 20, com suas grandes guerras e agitações sociais, para colocar a política por fim de volta à pauta dos pensadores, que se tornaram críticos das ideologias e da ideia de progresso. Os filósofos tentaram frear o delírio científico-tecnológico e o otimismo revolucionário que cooptou grande parte dos intelectuais. Passaram a se questionar se o homem, imerso em uma vida acelerada e soterrado pela burocracia, conseguiria ter uma vida feliz e almejar uma sociedade justa. O primeiro a lançar essa dúvida foi o alemão Theodor Adorno, um dos fundadores da Escola de Frankfurt, que buscou inspiração em Marx. Será o homem realmente livre ou uma marionete da sua condição psiquíca e social?

Conheça os pensadores contemporâneos

Karl Marx

Friedrich Nietzsche

Hegel

Kierkegaard

Schopenhauer

Auguste Comte

Wittgenstein

Bertrand Russell

William James

Edmund Husserl

Jean-Paul Sartre

Theodore Adorno

Hannah Arendt

Heidegger

Karl Popper

Foucault

Rawls

Dawkins

Bauman  
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O físico Stephen Hawking anunciou em 2011, na badalada conferência Zeitgeist, do Google, que a filosofia está morta. "A maioria de nós em algum momento se pergunta: por que estamos aqui? De onde viemos? Tradicionalmente, essas são questões para a filosofia, mas a filosofia está morta", vaticinou um dos mais brilhantes cientistas da atualidade. "Filósofos não conseguem estar a par do desenvolvimento moderno da ciência, particularmente da física", disse, sem piedade. Para Hawking, a filosofia do século 21 é aquele garoto que chegou à festa depois que os convidados haviam ido embora.

Apesar de causar mal-estar entre filósofos badalados, como o esloveno Slavoj Zizek, a cutucada de Hawking não é nova. Desde o século 19, a morte da filosofia vem sendo anunciada. Mas, agora, o avanço sem precedentes da ciência, especialmente da neurociência, confronta uma das grandes motivações da filosofia desde a Antiguidade: a busca pela certeza. Se a ciência fornece respostas exatas, o que sobraria para a filosofia discutir? Nada, na opinião de Hawking. Na resposta pública ao físico popstar, os filósofos Creston Davis e Santiago Zabala concordam que a filosofia que vira as costas para as descobertas da ciência, se ainda não morreu, está com os dias contados. Na filosofia do século 21, afirmam, a busca por certezas ou consensos não é mais seu objetivo primordial. Como diz Slavoj Zizek, "a filosofia na atualidade é uma disciplina bem modesta. Não resolve os problemas".

Sem tentar ser a solução para tudo, a filosofia moderna se mostra útil na formulação de novas interpretações dos fenômenos sociais. Ela se volta para discutir eventos históricos e avanços tecnológicos e científicos, um campo fértil para questionamentos desconcertantes sobre o nosso papel na sociedade, os sistemas de governo, a relação do homem com as máquinas e o próprio livre-arbítrio. Como sempre fez, a filosofia ainda encontra espaço para apontar incoerências e aprofundar questões como o respeito aos animais, a ética do dinheiro, nossa responsabilidade diante da miséria no mundo e o direito de decidir a hora de morrer - como traz à tona um dos mais proeminentes pensadores da atualidade, Peter Singer.


Mais: duas perguntas em particular seguem fora da jurisdição da ciência - e, consequentemente, vão para o terreno da filosofia. A primeira é a natureza da nossa consciência. Por que e como se forma a percepção de cada pessoa de que ela é um único e irrepetível indivíduo? Descartes tinha razão quando compreendeu que o pensamento comprova a nossa existência, mas nem ele - nem ninguém - conseguiu explicar por que pensamos, afinal de contas. Por último, o mais abismal dos porquês: por que estamos aqui? Por que existe tudo isso em vez de um imenso e eterno nada? Cientistas estão longe da resposta, mas não deixam de persegui-la. E filósofos não se esquecem de seguir perguntando.