quinta-feira, 8 de agosto de 2013

CALVINISMO E ARMINIANISMO

CALVINISMO E ARMINIANISMO - PREDESTINAÇÃO E LIVRE ARBÍTRIO________________________________________ O PLANO DA SALVAÇÃO Deus previu tudo que aconteceria na queda do homem e planejou exatamente a salvação necessária antes da fundação da terra. Antes do primeiro pecado cometido no universo, antes da terrível crise provocada pelo homem rebelde, que fora feito a imagem e semelhança da Divindade, o Senhor planejou e proveu um meio de fuga das armadilhas e condenação do pecado. Nosso Deus não foi pego de surpresa. Ele já sabia que a queda aconteceria e pré-ordenou o plano perfeito para resgate do homem. O plano de salvação de Deus é tão simples que o menor entre os filhos dos homens tem totais condições de entendê-lo o bastante para se tornar participante dele, experimentando assim seu poder transformador. Ao mesmo tempo é tão profundo que nenhuma imperfeição jamais foi descoberta nele. De fato, os que o conhecem melhor ficam continuamente espantados com a idéia de que um e apenas um plano de salvação seja necessário para satisfazer inúmeras carências espirituais em meio às variações quase ilimitadas das necessidades dos homens em cada raça, cultura e situação entre as nações do mundo. O ponto nevrálgico do plano de salvação de Deus se concentra no cargo e função de um mediador, ou seja, alguém que pudesse colocar-se entre um Deus ofendido e uma criatura pecadora e sem esperança, o homem. Jó sentiu a necessidade de alguém assim quando se encontrou em conflito com Deus. “Porque ele não é homem, como eu, a quem eu responda, vindo juntamente a juízo. Não há entre nós árbitro que ponha a mão sobre nós ambos” (Jó 9:32-33). Esta é a posição que Cristo veio preencher em seu sacrifício substitutivo. “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (I Tm 2.5). Esta é a razão para a encarnação da segunda pessoa da divindade; a fim de ser o mediador para Deus, Ele deve ser Deus; a fim de representar a humanidade, Ele deve ser homem. A penalidade pelos pecados humanos, que precisava ser cancelada para que o homem pudesse ter comunhão com Deus, era a morte. Mas em vista de Deus não poder morrer, Jesus precisava ter um corpo (O espírito não morre), por isso “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (João 1.14). Toda nossa salvação se tornou possível mediante a morte, sepultamento e ressurreição de Cristo Jesus. A SEGURANÇA DA SALVAÇÃO Mas será possível que o homem tendo entendido e aceitado o plano de salvação de Deus possa decair e perder a salvação? A experiência prova a possibilidade de uma queda temporária da graça, conhecida pelo termo “desviar-se”. Esse termo não se encontra no Novo Testamento, apenas no Antigo. Há duas palavras hebraicas para descrever essa situação. Uma palavra hebraica significa “voltar atrás” ou “virar-se”, e a outra é ser rebelde. Israel é comparado a um bezerro teimoso que volta atrás e se recusa a ser conduzido, além de tornar-se insubmisso aos mandamentos do Senhor. Israel afastou-se de Deus e, obstinadamente, recusou-se a voltar-se para seus mandamentos. O Novo Testamento exorta contra tal atitude, porém usa outros termos. O desviado é a pessoa que antes demonstrava seu amor por Deus, mas depois esse fervor se esfriou (Mt 24.12); era obediente à Palavra, mas o mundanismo e o pecado impediram seu crescimento e frutificação (Mt 13.22); outrora pôs a mão no arado, mas olhou para trás (Lc 9.62); outrora alegrava-se em ser chamado de cristão, mas agora se envergonha de confessar ser seguidor de Jesus (2 Tm 2.12); outrora estava liberto da contaminação do mundo, mas agora voltou a sujar-se como a “porca lavada a revolver-se na lama” (2Pe 2.22). É possível decair da graça e perder a salvação? Aqueles que seguem o sistema calvinista respondem negativamente; aqueles que seguem o arminianismo (chamado assim por causa de Armínio, teólogo holandês, que trouxe a questão ao debate) respondem afirmativamente. CALVINISMO A doutrina de Calvino não foi criada por ele, mas ensinada por Agostinho, o grande teólogo do século IV. Tampouco foi criada por Agostinho, que afirmava estar interpretando a doutrina do apostolo Paulo sobre a graça de Deus. A doutrina de Calvino: a salvação provém inteiramente de Deus; o homem não tem condições nenhuma de prover sua salvação. Se ele, o homem, arrepender-se, crer e se entregar a Jesus Cristo, é inteiramente por causa do poder atrativo do Espírito Santo de Deus. Isso se deve ao fato de que a vontade do homem se corrompeu tanto desde a queda que sem a ajuda de Deus ele não pode nem se arrepender, nem crer, nem escolher corretamente o caminho da salvação. Esse foi o ponto de partida de Calvino, “entendo como completa servidão da vontade do homem ao mal”. A salvação, então, não pode ser de outra maneira senão a execução de um decreto de Deus que fixa sua extensão e suas condições. Naturalmente surge a pergunta: se a salvação é inteiramente obra de Deus, e o homem não tem nada a ver com ela e está desamparado, a menos que o Espírito Santo opere nele, então por que Deus não salva todos os homens, uma vez que todos estão perdidos e desamparados? A resposta de Calvino era: Deus predestinou alguns para serem salvos, e outros para serem perdidos. “A predestinação é o eterno decreto de Deus, pelo qual ele decidiu o que será de cada um de todos os indivíduos. Pois nem todos são criados na mesma condição; antes, a vida eterna está preordenada para alguns, e a condenação eterna para outros.” Ao agir dessa maneira, Deus não é injusto, pois ele não é obrigado a salvar ninguém; a responsabilidade do homem permanece, pois a queda de Adão foi por sua própria culpa, então o homem será sempre responsável por seus pecados. Visto que Deus predestinou certos indivíduos para a salvação, Cristo Morreu unicamente pelos “eleitos”; a expiação fracassaria se alguns pelos quais Cristo morreu se perdessem. Dessa doutrina da predestinação, segue-se o ensino de “uma vez salvo, salvo para sempre”, porque, se Deus predestinou um homem para a salvação, e este pode unicamente ser salvo pela graça de Deus, que é irresistível, então o salvo nunca pode perder-se. Os que defendem a doutrina da “salvação eterna” apresentam as seguintes referencias bíblicas para sustentar sua posição: João 10.28-29 “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão.” Romanos 11.29 “Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento.” Filipenses 1.6 “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo.” I Pedro 1:5 “Que mediante a fé estais guardados na virtude de Deus para a salvação, já prestes para se revelar no último tempo.” Romanos 8:35 “Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?” ARMINIANISMO O ensino do arminianismo: a vontade de Deus é que todos os homens sejam salvos; porque Cristo morreu por todos. Por essa finalidade ele oferece sua graça a todos. Embora a salvação seja obra de Deus, absolutamente livre e independente de nossas boas obras ou méritos, o homem tem certas condições a cumprir. Ele pode escolher aceitar a graça de Deus, ou pode resistir-lhe e rejeitá-la. Seu direito de livre arbítrio sempre permanece. As Escrituras certamente ensinam a predestinação, mas não que Deus predestinou alguns para a vida eterna e outros para o sofrimento eterno. Ele predestina todos os que querem ser salvos, e esse plano é bastante amplo para incluir todos que realmente desejam ser salvos. Essa verdade é explicada da seguinte maneira: na parte de fora da porta da salvação, lemos as palavras: “quem quiser, pode vir”; quando entramos por essa porta e somos salvos, lemos as palavras no outro lado da porta: “eleitos segundo a presciência de Deus”. Deus, em razão de seu conhecimento, previu que essas pessoas aceitariam o evangelho e permaneceriam salvas, assim predestinou para essas pessoas uma herança celestial. Ele previu o destino delas, mas não o predeterminou nem interferiu. A doutrina da predestinação é mencionada não com o propósito especulativo, e sim com propósito prático. Quando Deus chamou Jeremias ao ministério, ele sabia que o profeta teria uma tarefa muito difícil e poderia ser tentado a deixá-la. Para encorajá-lo o Senhor assegurou ao profeta que o havia conhecido e chamado antes de ele nascer (Jr 1.5). Com efeito, foi isto que o Senhor disse: “Já sei o que está diante de ti, mas também sei que posso te dar graça suficiente para enfrentares todas as provas futuras e conduzir-te à vitória”. Quando o Novo Testamento descreve cristãos como objetos da presciência de Deus, seu propósito é dar-nos a certeza do fato de que Deus previu todas as dificuldades que surgirão à nossa frente, que ele pode nos guardar e que nos guardará de cair. Os que defendem a doutrina do livre arbítrio usam os seguintes textos bíblicos para assegurar sua posição: I Timóteo 2:4-6 “Que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade. Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem. O qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo.” Hebreus 2:9 “Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos.” II Coríntios 5:14 “Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos morreram.” Tito 2:11-12 “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens, ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e justa, e piamente.” UMA COMPARAÇÃO A salvação é condicional ou incondicional? Uma vez salva a pessoa é salva eternamente? A resposta depende de como podemos responder à seguintes perguntas: De quem depende a salvação? Em última análise a salvação certamente depende de Deus, porque quem poderia ser salvo se a salvação dependesse da força da própria pessoa? Podemos estar seguros disso: Deus nos conduzirá à vitória, não importa quão débeis ou desatinados sejamos, desde que desejemos sinceramente fazer sua vontade. Sua graça está sempre presente para nos admoestar, reprimir, animar e sustentar. Contudo, será que não há um sentido em que a salvação dependa do homem? As Escrituras ensinam, consistentemente, que o homem tem o poder de escolher livremente entre a vida e a morte, e Deus nunca violará esse direito do homem. Podemos resistir a graça de Deus? Um dos princípios fundamentais do calvinismo é que a graça de Deus é irresistível. Quando Deus decreta a salvação de uma pessoa, seu Espírito a atrai, e essa atração não pode ser resistida. Portanto um verdadeiro filho de Deus certamente perseverará até o fim e será salvo; ainda que caia em pecado, Deus o castigará e pelejará com ele. Para ilustrar a teoria calvinista, diríamos: É como se alguém estivesse a bordo de um navio e levasse um tombo; entretanto, ainda está a bordo, pois não caiu no mar. O EQUILÍBRIO DOUTRINÁRIO DA SALVAÇÃO As respectivas posições fundamentais, tanto do calvinismo quanto do arminianismo, são ensinadas nas Escrituras. O calvinismo exalta a graça de Deus como única fonte de salvação, e a Bíblia concorda. O arminianismo acentua o livre-arbítrio e a responsabilidade do homem, a Bíblia também concorda. A solução prática consiste tanto em evitar os extremos antibíblicos de um e de outro ponto de vista quanto em evitar pôr uma idéia em aberto antagonismo com a outra. Quando duas doutrinas bíblicas são postas em posições antagônicas, uma contra a outra, o resultado é uma reação que conduz ao erro. Por exemplo: a ênfase demasiada na soberania e na graça de Deus em relação à salvação pode conduzir a uma vida descuidada, porque se a pessoa é ensinada a crer que a conduta dela nada tem a ver com sua salvação, pode tornar-se negligente. Por outro lado, a ênfase demasiada no livre-arbítrio e responsabilidade do homem, como reação contra o calvinismo, pode deixar as pessoas sob o jugo do legalismo religioso de algumas igrejas e despojá-las de toda a confiança de sua salvação. Os dois extremos devem ser evitados. A SABEDORIA DE ALGUNS PREGADORES CALVINISTAS Quando Charles Finney ministrava numa comunidade em que a graça de Deus havia recebido excessiva ênfase, ele acentuava muito a responsabilidade humana. Quando dirigia trabalhos em localidades em que a responsabilidade humana e as obras haviam sido fortemente defendidas, ele acentuava a graça de Deus. Quando deixamos os mistérios da predestinação e nos dedicamos à obra prática de salvar almas, não temos dificuldades com o assunto. João Wesley era arminiano e George Whitefield, calvinista. Entretanto juntos conduziram milhares de almas a Cristo. Pregadores piedosos calvinistas, como Charles Spurgeon e Charles Finney, pregaram a perseverança dos santos, mas de uma forma que evitasse a negligência. Eles tiveram muito cuidado em ensinar que o verdadeiro filho de Deus certamente perseveraria até o fim, mas acentuaram que se não perseverassem, poriam em dúvida a certeza sobre seu novo nascimento. Se a pessoa não procurasse andar em santidade, dizia Calvino, seria bom que duvidasse de sua eleição. OS MISTÉRIOS DE DEUS É inevitável que nos defrontemos com mistérios quando nos propomos a tratar das poderosas verdades sobre a presciência de Deus e o livre-arbítrio do homem; mas se guardarmos as exortações práticas das Escrituras e nos dedicarmos a cumprir os deveres específicos que nos são ordenados, não erraremos. “As coisas encobertas pertencem ao Senhor, o nosso Deus, mas as reveladas pertencem a nós e aos nossos filhos para sempre” (Dt 29.29). CONCLUSÃO Para concluir, podemos sugerir que não é prudente insistir indevidamente nos perigos da vida cristã. Maior ênfase deve ser dada ao poder de Cristo como Salvador; a finalidade do Espírito Santo que habita em nós; a certeza das promessas divinas; a eficácia infalível da oração. Assim podemos perseverar até o fim, como ensinou Jesus. ________________________________________ www.santovivo.net

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