sexta-feira, 21 de março de 2014

CRISTOLOGIA 1

3. CRISTOLOGIA (A DOUTRINA DE CRISTO) 3.1 A IRA DE DEUS E A PROPICIAÇÃO DO PECADO INTRODUÇÃO Precisamos entender que o homem é antes um criminoso que uma vítima e é tratado assim por Deus. Como seres humanos, somos responsáveis e responsabilizados pelo grande estrago que fizemos na criação de Deus. Como inimigos de Deus, é inútil falar de salvação antes que tratemos da violenta ruptura que houve em nosso relacionamento com Deus. DEUS NÃO IGNORA O PECADO Esta verdade precisa ser proclamada neste início de milênio. Há três sentidos em que podemos afirmar que Deus não ignora o pecado: 1) Deus não ignora o pecado no sentido de estar alheio à sua existência. Ninguém consegue esconder seu pecado de Deus. O pecado de Acã. (Js 7.11) 2) Deus não ignora o pecado no sentido de passar vista grossa diante da sua presença; No momento da rebelião, Lúcifer foi expulso do céu. Talvez Satanás tenha pensado que seria diferente com o casal criado a imagem e semelhança de Deus. Que Deus daria um jeitinho para eles, e usar isso como arma para barganhar com Deus. Para sua surpresa, quando Adão e Eva pecaram, foram sumariamente expulsos do Paraíso. Quando Jesus carregou nossos pecados, Deus virou as costas para Ele. (Mat 27.46) Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a opressão não podes contemplar. (Hab 1.13) 3) Deus não ignora o pecado no sentido de permitir que continue sem resolução. Ele mesmo toma as providências para expurgar o pecado da sua criação. (I Jo 3.4-8) O PECADO SUSCITA A IRA DE DEUS O maior problema do pecador não é o seu pecado, mas sim o fato de estar sob a ira de Deus.  Depois de uma grande ênfase sobre a ira de Deus no século passado, hoje damos ênfase quase que exclusiva sobre o amor de Deus.  O homem moderno tem dificuldade em entender o porquê da morte de Jesus, e sua absoluta necessidade de aceitá-lo como salvador. Ele imagina que de alguma forma, Deus vai dar um jeitinho para ele. A Palavra de Deus diz: A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça; (Rom 1.18). Também Num 1.2-3. A nossa dificuldade com a ira de Deus é que transferimos para ela todas as características da ira humana. Existem diferenças entre a ira de Deus e a ira do Homem. As características da Ira de Deus  A Ira de Deus é sempre judicial, isto é, a ira do Juiz aplicando a justiça. Paulo diz que o dia da Ira é também o dia da “revelação do justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um segundo o seu procedimento” (Rom 2.5-6).  A Ira de Deus na Bíblia é alguma coisa que os homens escolhem por si mesmo. É uma escolha pessoal, pois Deus nos deu liberdade para escolher. Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más. (Jo 3.18-19) A Ira de Deus nem sempre se manifesta em castigo direto. Ao contrário, pode se manifestar através do abandono. Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si; pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém! (Rm 1.24). A história bíblica está cheia de exemplos do juízo de Deus que ignoramos para nosso próprio risco. A propiciação aplaca a Ira de Deus Enquanto a expiação trata de cobrir ou compensar o pecado ou a ofensa, a propiciação acrescenta a esta idéia o reparo do relacionamento de intimidade entre o homem e um Deus irado. Imagine que seu amigo furta a sua carteira e depois de ter gastado todo o seu dinheiro fica arrependido, e decide devolver a carteira repondo o dinheiro roubado. Como é que fica o seu relacionamento? Ele fez expiação pelo pecado. Ele pergunta “Tudo bem?” e você diz “Não! Não está tudo bem!” Porque não? Porque ainda não foi reparado o seu relacionamento. Expiação é fazer uma restituição que paga o preço do pecado. Propiciação é reparar o relacionamento transtornado. As Boas Novas do Evangelho são que “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação”. (II Co 5:19) Deus fez de Cristo a propiciação para nossos pecados. (Rm 3:25) A bondade e a severidade de Deus Exemplos da bondade e da severidade de Deus aparecem através da Bíblia inteira. Deus julga Adão e Eva no jardim do Éden, mas veste sua nudez com pele de animais. Jesus desviou a ira de Deus de nós, tomando-a sobre si e nos reconciliou com Deus. O restabelecimento de amizade entre o homem e Deus é o vínculo da salvação em nossas vidas. Qualquer idéia que limita o sacrifício de Cristo a apenas o pagamento dos nossos pecados é muito superficial. 3.2 A IDENTIDADE, INTEGRIDADE E A AUTORIDADE DE JESUS A DUPLA IDENTIDADE DE JESUS CRISTO A encarnação é um dos grandes mistérios da teologia. A Bíblia ensina que Jesus tem duas naturezas: uma humana e outra divina. A EXISTÊNCIA DE DUAS NATUREZAS 1. Jesus exercia prerrogativas divinas, como perdoar pecados E os escribas e fariseus arrazoavam, dizendo: Quem é este que diz blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão Deus? (Lc 5:21) 2. A qualidade da vida de Jesus Nunca tendo pecado, foi preciso que seus inimigos mentissem para conseguir sua condenação. 3. Os sinais que ele operou Fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome. (Jo 20:30-31) 4. O seu testemunho pessoal: Ele reivindicou deidade Eu e o Pai somos um. Novamente, pegaram os judeus em pedras para lhe atirar. Disse-lhes Jesus: Tenho-vos mostrado muitas obras boas da parte do Pai; por qual delas me apedrejais? Responderam-lhe os judeus: Não é por obra boa que te apedrejamos, e sim por causa da blasfêmia, pois, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo. (Jo 10:30-33) 5. O testemunho dos seus inimigos: Os judeus queriam matá-lo porque Ele afirmava ser Deus. 6. O testemunho dos apóstolos: “E o Verbo se fez carne...” 7. O testemunho da história: Nunca em toda história houve alguém igual a Jesus. (Jo 7:46) 3.4 A EXIGÊNCIA DE DUAS NATUREZAS Sua humanidade é a garantia de legítima representatividade. Sua Deidade é uma garantia de eterna confiabilidade. – Pela encarnação Deus se revela aos homens. A INTEGRIDADE DAS DUAS NATUREZAS DE CRISTO Não podemos dividir Jesus em dois, um humano e um divino. Ser Teantrópico: Jesus é permanentemente divino e permanentemente humano (união perpétua). A CONVIVÊNCIA DAS DUAS NATUREZAS A teoria aprovada de convivência diz que quando o Verbo se fez carne as naturezas divina e humana foram unidas, verdadeiramente, perfeitamente, eram indivisíveis e livres de mistura. 3.5 A AUTORIDADE DE JESUS a) O profeta prometido O SENHOR, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás. (Dt 18.15) b) O Sumo Sacerdote prometido O SENHOR jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque. (Sl 110.4) c) O Rei prometido Eu, porém, constituí o meu Rei sobre o meu santo monte Sião. Proclamarei o decreto do SENHOR: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei. (Sl 2.6-7) A partir da sua 2ª vinda, Jesus regerá o mundo plenamente. d) A Superioridade de Cristo Enfatizamos a superioridade de Jesus sobre todas as demais autoridades, quer celestiais, infernais ou terrestres. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, (Fp 2.9) 3.6 JESUS CRISTO COMO O ÚLTIMO ADÃO COMPARAÇÃO ENTRE O PRIMEIRO E O ÚLTIMO ADÃO Em 1ª Co 15:45-47, o primeiro Adão é (prw/toj), ou seja, não há ninguém antes dele. Jesus é (e;scatoj), não há ninguém depois dele. No versículo 47 ele é (deu,teroj), ou seja, não há sequer um igual entre ele e Adão. Começaremos com as semelhanças entre os dois e depois falaremos das diferenças. Semelhantes na sua identidade: Os dois foram criados à imagem de Deus.  E criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. (Gn 1:27)  O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; (Cl 1:15) Semelhantes na sua humanidade: Tiveram uma natureza tríplice; Espírito, alma e corpo. Estes versículos desmentem a hipótese docetista de que o corpo físico de Jesus era apenas uma aparição. Negavam a humanidade de Jesus. Semelhantes na sua representatividade: Por escolha de Deus, Adão e Jesus foram comissionados como cabeças da raça humana.  Na desobediência, Adão representou toda a humanidade.  Na sua obediência, Jesus representou toda a nova humanidade que segue seus passos. (Rm 5:15-17) Somos justificados dos nossos pecados uma vez que rompemos com a nossa solidariedade com Adão em favor de uma nova solidariedade com Jesus. Semelhantes na sua vulnerabilidade: Depois do pecado de Adão a natureza humana ficou caracterizada por fragilidade. Mas será que Jesus foi igualmente vulnerável? Se Jesus foi imune à dor, ao desânimo, à dúvida, ele não venceu o mundo, e não pode salvar. Semelhantes na sua santidade CONTRASTES ENTRE O PRIMEIRO E O ÚLTIMO ADÃO Diferentes na sua habitação. Diferentes na sua tentação. Adão tinha que resistir a apenas uma tentação para garantir sua santidade. Jesus teve que viver 30 anos de provação antes mesmo de se manifestar com o Messias. Nestes 30 anos ele nunca cedeu à tentação. Antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. (Hb 4:15b) Diferentes na sua submissão. De Adão Deus cobrou uma submissão à vida. (Gn 2:16-17) Enquanto que Jesus foi chamado à uma submissão até a morte. (Fl 2:7-8) Diferentes na sua punição Adão foi punido por seu próprio pecado, enquanto quer Jesus foi punido por nossos pecados. Diferentes na sua qualificação Um relacionamento com Adão gera morte, mas um relacionamento com Jesus significa vida. 3.7 A OBRA DE CRISTO CONCEITOS GERAIS DA OBRA DE CRISTO Essencialmente a obra de Cristo é de nos reconciliar com Deus. Seis aspectos da obra de cristo Aquele que foi manifestado na carne foi justificado em espírito, contemplado por anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo, recebido na glória. I. Sua paixão e morte é pré-ordenada e necessária  A morte de Jesus não foi um acidente, nem uma tragédia, mas uma estratégia divina. (Jo 12.27) II. Sua morte é apresentada em termos sacrificiais  O simbolismo da Páscoa  O simbolismo do pacto  O simbolismo do véu rasgado. III. Sua morte é entendida em sentido vicário  Sua identificação com os pecadores.  Sua substituição do pecador.  Sua punição como pecador. IV. Sua morte é redentora  Redenção no AT: Tem a ver com a libertação de prisioneiros de guerra ou escravos e escapar da morte mediante o pagamento de resgate.  Redenção no NT: Ele pagou o preço da nossa libertação. V. Sua morte é um triunfo sobre o diabo e os poderes maléficos: Sofrimento vitorioso, a Ressurreição. VI. Sua morte é universal Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. (Jo 3.16)

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